terça-feira, 18 de dezembro de 2012

As lembranças da Odete, a Detinha

Odete Dutra, a Detinha.


Do lugar onde nasceu, as marcas que perduram até hoje.


Nasci no lugar mais lindo do mundo.


Das andanças, os lugares que ficaram para trás.

Meus irmãos e eu corríamos livremente, perseguíamos borboletas, inventávamos aventuras; não parávamos sequer um minuto de brincar, do alvorecer ao pôr-do-sol.

Das coisas não importantes, as pequenas lembranças que ficaram.

Enxurrada de lembranças, como os tijolos aquecidos no fogão a lenha, que eram colocados sob os cobertores nas noites longas e frias, e o cheiro de pão que nossa mãe assava uma vez por semana; as longas histórias depois do jantar e da reza do terço, contadas por nossa avó Maria da Luz dos Santos, que serviram para abrir um mundo de inesperadas riquezas para nós. Quando crianças, noites passadas daquela forma seria inimaginável..., no entanto, aqueles foram alguns dos nossos melhores dias de nossas vidas.


Da liberdade para falar do que quiser.

Fazer coisas simples junto com a família nos deixa feliz, e o que aprendi, quando criança, nunca deixou de me servir. A forma de viver bem é observar o que é engraçado, mesmo em situações terríveis.


De ser você por você.

A felicidade está nas menores coisas:

"...minha riquinha,
...meu riquinho",

maneira carinhosa de nossa mãe nos acalentar.

"... temos de ser bons com as pessoas, não deixe nada para depois".

O passado é algo que já não existe mais. Serve apenas como referência. O presente é uma dádiva de Deus. Como dizia Nuno Cobra: "viver o momento é questão de inteligência, porque  não existe outra forma de viver realmente. Curta o máximo, porque ele é único e maravilhoso".

Um belo dia nosso pai foi à procura de seu cavalo para ir à venda comprar alguma coisa, quando descobriu que ele havia fugido durante a noite. Saiu à procura, nas idas e vindas em busca do pingo, pisou em uma estaca seca, perfurando seu pé. Na minha inocência, pensei que perderia nosso pai, de tanto sangue que jorrava do ferimento. Nossa mãe pegou uma bacia de água limpa e lavou o pé dele até que o sangue estancou, aí pegou um pano branco colocou banha de porco e enrolou a ferida, e assim diariamente lavando com ervas e colocando banha cicatrizou a ferida aberta. E se fechar os olhos, até hoje revivo essa cena.

Da mensagem final.

Que tenhamos a certeza que as tristezas da vida não eliminam as grandes alegrias. Comece fazendo o que você acha que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.

Eu amo minha família. Eu amo vocês. Sinto-me privilegiada em fazer parte de uma família tão especial.

Odete Dutra, a Detinha


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